O técnico Tite sempre avisou que a excelente campanha de 28 pontos conquistados em 30 possíveis nas dez primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro não eram a realidade do Corinthians. Mas foi este início praticamente impecável um fator determinante para que o torcedor corintiano vivesse neste domingo a realidade de comemorar pela quinta vez um título brasileiro. Quase 40% dos 70 pontos conquistados pelo time alvinegro na competição vieram na incrível sequência de nove vitórias e um empate nas dez primeiras rodadas.
O início arrasador e o consequente triunfo no final do Brasileirão, curiosamente só foi possível graças a um dos maiores fracassos da história do clube: a eliminação na fase preliminar da Copa Libertadores, pelo Deportes Tolima, da Colômbia. Sem jogar nem a Libertadores nem a Copa do Brasil no primeiro semestre, o Corinthians ganhou mais tempo para treinar do que a maioria dos seus concorrentes diretos ao título. Dos times que disputam o Brasileirão, só América-MG, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Figueirense entraram em campo nesta temporada menos vezes do que o campeão brasileiro.
Sem se preocupar com outras competições, o Corinthians pôde se focar no Brasileirão e chegar preparado para as primeiras rodadas, enquanto outros times ainda se reestruturavam. O Vasco, time que foi mais longe na disputa pelo Brasileirão, por exemplo, atuou com reservas nos três primeiros jogos. No quarto, entrou em campo de ressaca após o título da Copa do Brasil. Fluminense, Internacional, Botafogo e São Paulo deram a largada no Brasileiro em crise depois de também terminarem o primeiro semestre sem título. O Corinthians, porém, já havia conhecido o fundo do poço em fevereiro e só tinha espaço para crescer.
Vindo do vice-campeonato paulista sete dias antes, o Corinthians estreou no Brasileirão vencendo o Grêmio por 2 a 1, no Olímpico. Como outros times tiveram melhor saldo, a equipe paulista fechou esta primeira rodada fora do G-4. Mas isso não se repetiria mais nenhuma vez durante toda a competição. Na segunda rodada, de camisa roxa, chegou à sua segunda vitória, fazendo 2 a 1 sobre os reservas do Coritiba, em Araraquara, no único jogo que mandou fora da capital paulista.
O primeiro jogo sem vitória foi no Rio de Janeiro, pela terceira rodada. Na festa de despedida para Petkovic, empate com o Flamengo. Depois, contra outro carioca, agora no Pacaembu, vitória sobre o Fluminense. O ponto alto do primeiro turno, porém, foi a goleada por 5 a 0 sobre o São Paulo, no Pacaembu, com direito a três gols de Liedson. O Corinthians só não assumia a liderança naquele momento, passando o São Paulo até então invicto, porque tinha um jogo a menos – a partida contra o Santos havia sido adiada a pedido dos santistas.
Depois de vencer o Bahia, o Corinthians recebeu o Vasco e conquistou um resultado que seria determinante para o título, uma vitória por 2 a 1. Os cariocas saíram na frente com um gol de falta do estreante Juninho, mas os paulistas conseguiram a virada no Pacaembu com gols dos volantes Paulinho e Ralf. Irresistível, o Corinthians passou também por Atlético Goianiense (1 a 0), Internacional (1 a 0) e Botafogo (2 a 0), disparando na liderança do Brasileirão, com oito pontos de vantagem sobre o vice-líder São Paulo.
FASE RUIM – Na 11.ª rodada começava a segunda metade do turno e o destino do time também parecia querer mudar em relação à primeira parte. A sequência positiva teve fim com a derrota para o Cruzeiro por 1 a 0, em pleno Pacaembu, no dia 24 de julho. Logo em seguida, mais um revés, para o Avaí por 3 a 2, em Florianópolis, que daria início a uma campanha ruim fora de casa.
A partir daí, foram 13 jogos como visitante na competição, com apenas quatro vitórias, sendo duas em Minas Gerais, sobre Cruzeiro e Atlético, e as duas mais recentes, sobre Ceará e Figueirense, nos seus dois últimos jogos fora de São Paulo. De resto, foram quatro derrotas e cinco empates.
Em casa, o Corinthians também viveu um período de inconstância: vitória sobre o lanterna América-MG, empate com Ceará e derrota para o Figueirense antes do fim do primeiro turno, quando, “fora de casa”, o time alvinegro foi batido pelo Palmeiras por 2 a 1. Ainda assim, o Corinthians terminou o turno na liderança, com 37 pontos: 28 conquistados nos dez primeiros jogos, nove nos nove jogos seguintes.
A equipe começou o segundo turno acreditando que poderia repetir o começo arrasador de campeonato. Afinal, a sequência de adversários era a mesma. Na abertura a estratégia deu certo, com vitória sobre o Grêmio, mas a rotina seria mesmo de inconstância.
A dura derrota para o Santos, por 3 a 1, na capital paulista, pela 24.ª rodada, fez o Corinthians perder a liderança para o Vasco. O empate em 0 a 0 em outro clássico, esse com o São Paulo, frustrou os planos de o Corinthians recuperar a ponta, que passou a ser do Vasco. Depois de vencer o Bahia por 1 a 0, no Pacaembu, porém, o time paulista pulou para o segundo lugar, chegando ao confronto direto contra o Vasco com a chance de voltar a ser líder. Novamente ficou no empate, por 2 a 2, e adiou os planos.
LÍDER DE NOVO – Na estreia de Adriano, pela 28.ª rodada, o Corinthians venceu o Atlético Goianiense por 3 a 0, no Pacaembu, e recuperou a liderança, favorecido também por uma derrota do Vasco. Apesar de perder para o Botafogo, o time paulista se manteve na ponta, confirmada também com a vitória sobre o Cruzeiro. Só perdeu o primeiro lugar ao empatar com o Internacional, em Porto Alegre. Na rodada seguinte, a 32.ª, porém, Vasco e São Paulo empataram e recolocaram na ponta o Corinthians, que venceu o Avaí por 2 a 1.
Desde então, a equipe paulista não perdeu mais a primeira colocação, mesmo quando perdeu para o então lanterna América-MG por 2 a 1, em Uberlândia (MG). Depois, foram mais quatro vitórias seguidas para o título contra os Atléticos Mineiro e Paranaense, Ceará e Figueirense. A taça, que poderia ter vindo no domingo passado, acabou frustrada pela vitória do Vasco sobre o Flu, já no fim da partida. Desta vez, porém, o Corinthians empatou por 0 a 0 com o Palmeiras e ficou com o título.