Ava é a filha do Rei Admastor e da Rainha Midri. Ela é a fada do livro A Fada e o Bruxo. Abaixo, se quiser conhecer um pouco a história, acompanhe uma das partes do livro, onde a nossa personagem é revelada por uma fada mestra.

Lembro que muitas das razões para Ava ser tão especial somente serão reveladas no 6 livro A Rainha e a Espada. E parte das revelações estão no livro 7 – Origens Encantadas.

Capítulo 2A Descoberta – ocorrendo no Reino de ErasBlack

Enquanto Aiden resistia a ir às aulas em Kablum, do outro lado, em ErasBlack, a princesa Ava acabava de completar nove anos de idade. A corte, naquele momento, estava tomada por agitação. Tudo graças às crianças das cidades de Grokos e Lufar, convidadas para passar o dia no castelo com intenção de tornar o dia de Ava mais agradável.

Nessas ocasiões, as crianças corriam aos gritos pelos corredores, antes proibidos até mesmo para os infantes mais nobres. Com o tempo, o barulho se tornou ensurdecedor.

Os administradores exigiram, então, que os jardins, em vez dos salões nobres, fossem utilizados para as brincadeiras. Dessa maneira, o interior do castelo só poderia ser tomado pela algazarra em dias de chuva.

Adamastor, o rei de ErasBlack, depois de se livrar de uma reunião, em que também se encontrava a velha fada Rufara, acompanhava, através de sua janela na torre, as brincadeiras de Ava com outras crianças no jardim. 

Assim como seu pai, ele se sentia desconfortável em viver lado a lado com a Floresta Encantada, antiga morada das fadas originais, agora conhecida como o temível Bosque Negro.

— Por muito tempo fui considerado maluco como o meu pai.

Mesmo falando em voz baixa, ele chamou a atenção de seu conselheiro Turbilhos, que se aproximou. Turbilhos não notou o rei acompanhando com o olhar as peripécias de Ava entre as outras meninas.

— Com certeza, meu rei — concordou Turbilhos. — Muitos ignoraram as profecias do rei Kimius, mas elas podem estar se concretizando. Até onde o senhor me contou, o rei teria assinalado em seus diários que somente uma Rainha Fada poderia um dia unificar o poder.

Lembrando que a profecia ainda dizia: Que a unificação não aconteceria somente entre a Floresta Encantada e ErasBlack, mas também por definitivo entre o Norte e o Sul de Ivi.

— Já temos a princesa, meu senhor — Turbilhos disse, agora próximo do rei, olhando pela janela. — Mas ela precisaria ser comprovadamente encantada.

Naquela mesma manhã, enquanto escutava as crianças nos jardins, a velha fada Rufara não deu chances a mais conversas na sala de chá após o fim da reunião. De maneira mágica, transitou em pontos e escapou de tudo, menos da rainha Midri. Já no jardim, perdida com a brincadeira das crianças em torno dos lagos e das fontes, assustou-se com o grito de alegria da Senhora de ErasBlack.

— Rufara!!! — A rainha dava a impressão de não a ver havia anos. — Não pressentiu a minha aproximação?

Rufara era a fada mais velha entre as mestras. Vestia-se sempre de preto. Tinha os cabelos brancos e olhos azuis que pareciam de vidro. Era presença constante nas reuniões do castelo devido a sua habilidade em gravar com perfeição os assuntos discutidos e de interesse da Casa das Fadas.

— Não percebi mesmo, Midri — a velha fada respondeu. — Não sei se sabe, mas não ficamos em estado de alerta o tempo todo. Às vezes, gosto da liberdade das surpresas. Além do mais, estou cansada por ter participado de mais uma reunião da corte. Não entendo por que a Casa das Fadas precisa se envolver com esses assuntos.

Dizendo isso, continuou a caminhar, mas incomodada por algo. Sentia uma força descomunal compartilhando aquele mesmo lugar. Olhava para os lados e só via crianças brincando pelo jardim. Pensou que aquela algazarra a estivesse atrapalhando em detectar de onde vinha a energia. Porém, não havia com o que se preocupar, visto que a energia era boa. Mas como era forte!

— A que devo o prazer da companhia da rainha? — quis saber Rufara, voltando a se interessar pela outra.

A rainha começou a contar sobre a futura cerimônia do Queruga, o teste final para as Cidroens, mas Rufara tornou a se distrair, absorvida com o vaivém das meninas.

Entre elas, a princesa Ava, parecendo liderar as atividades. Notando o interesse da fada nas crianças, a rainha passou a falar dos jogos:

— A própria Ava os inventou. — Então, a rainha pediu a sua dama de companhia: — Estela, como sempre me confundo com os jogos, você pode nos explicar melhor?

— É muito simples. — Estela sorriu. — É um pega-pega diferenciado. Primeiro, são formados dois grupos, e um time por vez tem oportunidade de correr atrás dos integrantes do outro grupo. Quando um membro adversário é tocado, ele passa a pertencer ao grupo que o pegou. Com isso, o grupo que está pegando e tocando os outros naquele instante tende a ficar mais forte.

— Por isso elas correm tanto? — perguntou a fada.

— Não! — Estela negou. — Correm tanto porque, em um determinado momento mais crítico, todas elas tentam pegar uma última menina, e quase sempre quem fica para o final é a princesa. Ninguém consegue pegá-la.

— Ava é bem esperta! — completou a rainha.

— Esperta demais para uma Cidroen — Rufara disse baixinho para si mesma, observando alguns movimentos fora do usual até mesmo para uma fada.

Apesar da importância de Rufara no Concílio, Adamastor e Lopínia, a Super-Fada chefe da Casa das Fadas, conseguiram esconder dela o nascimento encantado de Ava, quando a princesa flutuou no colo do rei pela primeira vez. Isso deixava claro que Ivi abençoara ao extremo a menina com Soufix de uma Vlasdismin.

— Dizem que Ava faz coisas impossíveis — comentou Estela.

— Que tipo de coisas? — a velha fada estava curiosa.

— Quando me contaram, eu não acreditei. A senhora deve saber, são crianças. Então, para aprender, resolvi brincar com as meninas duas ou três vezes. E descobri que o jogo só termina quando Ava quer.

— Crianças costumam ter muita disposição, e a princesa parece ser bem ativa — afirmou Rufara.

A velha passou a andar bem devagar, ganhando tempo para, através do visual, poder decifrar a brincadeira mais de perto.

— A senhora está vendo agora? — Estela apontava ao longe — Ava está sozinha correndo de todas.

Rufara desconversou, dirigiu-se à rainha:

— Estamos muito felizes por todos vocês. O reino parece estar em clima de festa desde o nascimento de Ava.

— Sim — retrucou sem ânimo a rainha.

— Você não me convenceu com esse “sim”. Tenho muitas esperanças de que ela seja de grande valia para o futuro do reino.

Rufara, com um olho no caminho e outro na brincadeira, viu de relance algo inexplicável. Enquanto isso, a rainha respondia, dando razão à sua falta de entusiasmo:

— Não sabemos se ela poderá assumir tantas responsabilidades no futuro. Para mim, Ava se importa demais com diversão. Adamastor disse que podemos reconhecer líderes desde cedo. Não conseguimos ver Ava como uma líder.

— Como cobrar de uma menina interesse extremo pelo reino? — Rufara esperava mais uma vez pelos movimentos inéditos da princesa. — Ava está certa de querer brincar com essa idade.

Chamando a atenção das outras duas para a brincadeira, Rufara ganhou tempo para se concentrar e analisar os movimentos da princesinha loira. E o tal impossível acontecia mais uma vez. Rufara viu Ava correr sobre a água do lago.

A rainha queria continuar a falar, mas Rufara só conseguia observar a menina. Para se esconder dos amigos que a tinham a encurralado, Ava transpassara alguns arbustos do jardim parecendo se utilizar de uma transição de pontos.

— Com licença! — disse a fada à rainha.

Rufara penetrou nos jardins invadindo a brincadeira. Escutou o barulho vindo do lago, a gritaria das meninas correndo atrás da princesa, pressentiu a tranquilidade de Ava mesmo estando encurralada. Deu alguns passos entre as folhagens. Observou abismada a garota andar sobre o lago mais uma vez. Ainda para sua surpresa, Ava passou por dois ou três arranjos em forma de muros naturais desconsiderando sua existência.

Prevendo a sequência de suas ações, Rufara foi rápida e se colocou em rota de colisão também através da transição de pontos, encantamento usado para se locomover por meio de invisibilidade perante os olhos dos comuns. No exato local em que cruzava com ela, segurou-a com força pelo braço. Ava se assustou ao perceber que a fada mestra a segurava.

— Olha só quem eu achei. — A fada sorriu.

— Você não está na brincadeira! — Ava protestou. — Pode me soltar?

— Sim. Mas antes, algumas explicações. Como você consegue fazer isso?

— Isso o quê?

— Vamos lá, princesinha. Eu a vi andando sobre as águas do lago. Também a vi passando sobre os arbustos, e se estou conseguindo segurar você com naturalidade é porque sou uma fada mestra, usando a mesma técnica que você, a transição de pontos.

— Eu não sei como faço. É natural! E não preciso ser uma fada para usar esses truques.

— Tá bom. — Rufara não pôde segurar o sorriso nos lábios. — Conhece mais alguma menina que faça isso?

— Não.

Ava balançou o braço para se soltar.

A fada observou que a princesa estava crescendo rápido, e seus olhos azulados já brilhavam de forma diferenciada em comparação a outros seres encantados de Ivi. Por causa da agitação, seus finos cabelos loiros estavam bagunçados sobre seu rosto, e ainda seus braços e suas pernas finas contrastavam com o poder guardado em seu interior.

— Impressionante! — exclamou a fada mestra ao mesmo tempo que a soltou.

— Obrigada! — disse Ava, aliviada.

Rufara não sabia o que dizer. O contato com a menina fora revelador. A fada havia sentido a energia da princesa envolvendo-a de maneira intensa. Demonstrava que poderia conseguir o que quisesse a qualquer instante.

Ava, com naturalidade, correu e desapareceu, usando agora uma transição por bruxaria. Rufara, perplexa, disse para si mesma:

— Mas que ousadia!

Ainda olhando pela janela da torre, o rei balançou a cabeça diante da surpresa de Rufara, e cerrou os olhos com pesar. Como seria possível segurar o segredo de todo o reino? Nada mais seria como antes. Ava, de fato, havia sido descoberta: afinal, era uma Vlasdismin.


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