O Astronauta e a Sereia
No domingo frio de julho, achei um bar aberto e me afoguei em malte artesanal. Quando fui escolher um lugar para me sentar, notei a beleza de um grande painel.
Fiquei observando, querendo entender, e mais um pouco diante da arte e eu escreveria uma história, sobre um astronauta, uma sereia e o fruto proibido não identificado entre eles.
No embalo de uma música nacional contraria a minha predileção, me encanto com a cerveja quase vermelha, e de nome duvidoso, produzida em uma cidade que nunca ouvi falar.
Então em meio a minha quietude no bar, bebendo sozinho por opção, eu me recordo como tem sido confusos os meus dias por aqui. E viajo na farofa me questionando onde estou, para onde vou então, e no porão das minhas memórias, escuto ecoar a frase de uma antiga amiga que reclamava: não acontece nada!
Não vim para o sul do meu país porque gosto do frio, e sim por conta do ICQ, antes de existir o MSN e o Orkut. Já hoje vivo sem entender o que tanta internet pode fazer por mim…quer dizer, talvez vai saber, permita que eu seja eu em qualquer lugar.
Existe vida por trás de contatos imediatos do grau alcoólico de cada gole seguindo minha goela abaixo, e eu preferia estar no meio do mato ou entre os prédios da minha terra natal…
Tenho lembranças dos mais de mil lugares visitados, mas tudo isto não me conforta por eu não poder ver mais minhas filhas todos os dias.
Mas deixe estar e sou obrigado a lembrar, o que digo para consolar amigos quem passa por eventos fora da curva. Existe esperança por trás do sem cabimento, e a uma beleza benevolente entre o que vem em seguida ao caos.
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Eu ainda vou aprender a surfar, perder meu medo de saltar de paraquedas, mais à frente quero conhecer outros planetas, e brincar de esconde esconde no espaço sideral, e quem sabe descobrir onde Deus vai descansar quando está de saco cheio de cuidar de gente maluca como eu.
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Aliás muito obrigado por tudo até agora…eu sei que podia ser bem pior!
Francisco Medina 07.07.2021